segunda-feira, 4 de maio de 2009


19/02/2009Existe oposição

Os governistas certamente usarão o argumento de que nestes dois anos faltaram recursos. O fato é que, neste governo, os compromissos assumidos em discursos ficam muito distantes da realidade e das ações.
Existe oposição


Thiago Peixoto - Deuptado Estadual (PMDB)


Na abertura dos trabalhos de 2009 na Assembleia Legislativa, o governador fez mais um de seus discursos protocolares. Aliás, é esta a questão: fala-se repetidamente do que foi feito neste mandato. Como o que foi feito é pouco, chega-se à confirmação da falta de eficiência deste governo.
A atual gestão do Palácio das Esmeraldas atinge um estágio crucial: desconsiderando os nove meses do primeiro mandato, dois anos já se passaram; restam apenas outros dois para que o governo honre os compromissos firmados.
O histórico de não cumprimento de tantas outras promessas que constam no Plano de Governo, divulgado em 3 de agosto de 2006, nos leva a uma conclusão: se o que foi alardeado há dois anos não foi entregue, as chances deste pronunciamento feito na Assembleia deixar de ser um mero discurso para virar realidade são ínfimas.
Ao tomarmos como referências áreas tão importantes como educação, saúde e social constataremos que a preocupação faz sentido. Consta no Plano de Governo do atual governador a transformação de todas as escolas (mais de 1,1 mil) em unidades de tempo integral no período de quatro anos. Temos em Goiás não mais do que 80 escolas deste porte sob responsabilidade do governo estadual. Para cumprir este compromisso, será preciso inaugurar cerca de 46 escolas de tempo integral por mês até o fim deste mandato. Com um desafio complementar: o governo reduziu em 30% os recursos destinados a este modelo de escolas.
Quando candidato, o governador ainda ressaltou a implantação de "forte política" de reposição salarial para os profissionais em educação. Não só não houve nenhum aumento significativo, como este descaso com a categoria gerou duas greves.
O que também causa estranheza é comparar a realidade do setor educacional em Goiás com o que foi dito pelo governador no lançamento do plano: "A educação, de todas as prioridades elencadas neste plano de governo, é a número um." Mais estranho ainda é ver muitas escolas estaduais ganharem repercussão nacional por seu abandono.
O atual cenário da saúde em Goiás parece muito diferente do idealizado no documento divulgado em 2006: ampliação dos hospitais de urgência, implantação de hospitais regionais, reforma e adequação da Colônia Santa Marta e expansão do Siate para todo o Estado. Para conhecer o cenário verdadeiro da saúde em Goiás basta entrar em qualquer hospital público administrado pelo governo.
Os governistas certamente usarão o argumento de que nestes dois anos faltaram recursos. Nem entraremos no mérito da questão porque teríamos de abordar a falta de planejamento e de liderança. Falta de vontade política, esta sim, é uma certeza. O fato é que, neste governo, os compromissos assumidos em discursos ficam muito distantes da realidade e das ações.
Thiago Peixoto é deputado estadual (PMDB) e economista.


Publicado no jornal O Popular do dia 19/02/2009.

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